Trazendo um raio de sol para os imigrantes judeus em Yokneam
Data: 26.10.2022Por Laurina Driesse
Traduzido por Julia La Ferrera
O sol brilhou um pouco mais forte para os ucranianos e outros imigrantes judeus em um dia logo após o feriado de Sucot terminar em meados de outubro, embora alguns lutassem com suas emoções e choraram quando estranhos mostraram amor e apoio prático.
Os Diretores Nacionais da ICEJ Holanda Jacob e Hennie Keegstra acompanharam Nicole Yoder, Vice-Presidente de Assistência Social & Aliá, e sua assistente, Jannie Tolhoek, à cidade israelense de Yokneam, localizada ao sul de Haifa. Seus carros estavam carregados de pacotes e vales-presente cuidadosamente preparados para 40 novas famílias imigrantes.
Jacob e Hennie também distribuíram cartões especiais para as pessoas, que continham bênçãos escritas por cristãos holandeses. Este toque pessoal realmente trouxe lágrimas aos olhos.
O vice-prefeito de Yokneam, Roman Peres, saudou calorosamente a equipe da ICEJ e compartilhou como sua cidade recebeu 250 novas famílias de imigrantes desde o início da guerra na Ucrânia em fevereiro passado. Embora a cidade sempre tenha recebido imigrantes, é um novo cenário para eles receberem imigrantes refugiados, que tiveram que fugir sem nenhum tempo de preparação, deixando tudo para trás. Os idosos e os jovens chegaram com mães que tiveram que deixar maridos e outros entes queridos para trás.
O vice-prefeito Peres lembra como, nos primeiros dias da guerra, seu gabinete começou a receber pedidos de assistência para imigrantes em fuga a caminho de Israel. Primeiro veio um pedido para uma mãe solteira com um filho, que fugiu com apenas duas malas e seu filho para Budapeste. Ela comprou uma passagem para Israel, mas foi retida devido aos regulamentos para um teste de PCR que ela não conseguiu fazer a tempo. Peres conseguiu falar com as autoridades competentes e em poucos minutos eles a colocaram no voo. Então, outra senhora ligou chorando devido a problemas para embarcar em um voo porque não tinha a aprovação do veterinário para trazer seu gato. Naqueles primeiros dias confusos e malucos, muitos obstáculos precisavam ser vencidos para que as pessoas pudessem vir com o pouco que tinham, da forma mais rápida e tranquila possível.
Os desafios continuam hoje, mas de uma forma diferente. Empregos e moradia adequada são necessários, juntamente com itens básicos para iniciar uma nova casa. Há muito trauma para superar também. Muitas famílias necessitam de atendimento psicológico, principalmente para as crianças e portadores de necessidades especiais. Algumas das crianças receberam a notícia, logo após o desembarque em Israel, de que sua escola anterior havia sido destruída e a vida de amigos perdidos.
Quando novos imigrantes chegam a Israel, muitos são inicialmente acomodados em hotéis. A cidade de Yokneam dedicou uma equipe para ir aos hotéis e convidar os imigrantes para sua cidade, e depois tem trabalhado duro para que eles se sintam bem-vindos e os ajudem a se instalar adequadamente.
Quando a equipe da ICEJ começou a distribuir os pacotes de cuidados para os novos imigrantes, eles ficaram comovidos ao descobrir que entre os idosos havia vários sobreviventes do Holocausto que também haviam fugido da Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial.
Georgi, 89 anos, é um sobrevivente do Holocausto que nasceu na Ucrânia. Quando os nazistas chegaram, ele fugiu com sua mãe e irmãos para o Oriente, deixando para trás seu pai – que estava no exército. Sua cidade natal foi destruída durante a guerra. Após a guerra, eles voltaram para sua cidade onde reconstruíram suas vidas, e Georgi teve uma carreira de 40 anos como médico e palestrante proeminente na Ucrânia.
Infelizmente, a história parecia se repetir para Georgi em sua velhice, quando ele foi forçado a fugir novamente – primeiro para Kiev e depois para Israel. No entanto, desta vez ele está fugindo por conta própria, já que sua esposa já faleceu.
O vice-prefeito Peres viu Georgi pela primeira vez em um hotel em Tel Aviv e o descreveu como um homem de terno com uma bolsa pequena e um olhar inexprimível de tristeza no rosto. A cidade de Yokneam se ofereceu para cuidar de Georgi, arranjando um apartamento para ele e ajudando-o a se instalar antes mesmo de completar sua papelada para a cidadania israelense.
Georgi expressou seus sinceros agradecimentos pelo apoio de todos na Holanda e em todo o mundo. Ele ficou tão grato pelo pacote que recebeu, que deu vários abraços em Nicole Yoder para preencher onde as palavras não eram suficientes.
Enquanto isso, Olga é uma cidadã israelense que trouxe seus pais idosos, sobreviventes do Holocausto, para a segurança. Seu pai, de 90 anos, e sua mãe, de 86 anos, têm uma história parecida com a de Georgi. “Desde o início, Israel estava lá para ajudar em tudo. Também na fronteira, com equipes médicas. Eles têm ajudado muito aqui. É bom estar aqui”, compartilhou Olga.
Anna também estava interessada em compartilhar sua história. Ela é uma jovem mãe de dois filhos e contou como estava grávida de oito meses quando a guerra eclodiu na Ucrânia. A família decidiu fugir imediatamente, fugindo pela Polônia.
Ela chegou a Israel em março, sem o marido ao seu lado. Seu próximo obstáculo a ser superado foi receber imediatamente sua cidadania israelense, para que pudesse obter o seguro de saúde necessário para dar à luz em um hospital israelense. Anna explica como ficou surpresa com a rapidez com que recebeu sua carteira de identidade, apesar da alta demanda por carteiras de identidade na época. O povo de Israel percebeu sua crise e fez todo o possível para ajudá-la a dar à luz como cidadã israelense. Seu lindo bebê nasceu em abril. Hoje seu filho tem seis meses, e sua filha de seis anos se adaptou bem e está feliz em seu jardim de infância. Ela ama sua professora!
A mãe de Anna também está agora em Israel e seu marido pôde se juntar a eles há um mês. Seu pai ainda está servindo nas forças armadas na linha de frente na Ucrânia. Seus corações permanecem com ele lá, na fé e na esperança pelo dia em que serão reunidos.
Meira, que chegou da Ucrânia há apenas 20 dias, compartilhou sua experiência traumática e sua história de fuga, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ela permaneceu por algum tempo inicialmente na Carcóvia, mas com os ataques e explosões muito próximos e com apenas uma mesa para se esconder, ela percebeu que teria que fugir para outra cidade. Uma viagem que normalmente leva seis horas, levou três dias. Embora tenham sido recebidos com amor e carinho, ela sabia que Israel seria seu destino final.
“Um dia percebi que Israel me esperava”, lembrou Meira. “Senti que tinha asas e tinha que estar em Israel. Voltei-me para a Agência Judaica e encontrei meu caminho para a Polônia, onde finalmente consegui um voo para Israel. Quero ficar aqui pelo resto dos meus dias.”
Enquanto Nicole compartilhava sobre os cristãos de todo o mundo que amam Israel e querem mostrar seu cuidado e apoio ao povo judeu de maneiras práticas, Meira começou a chorar e enviar pequenos sinais de coração para Nicole do outro lado da sala.
“Eu compartilhei com as pessoas quem somos, porque viemos e como sentimos muito pelas coisas que eles sofreram nos últimos meses”, explicou Nicole depois. “Além do apoio que pudemos dar para voos, evacuação e hotéis para que eles venham para Israel, queremos que eles saibam que estamos pensando neles e queremos ajudar a facilitar seu caminho à medida que se instalam no país com este presente. Nós os acolhemos e os abençoamos para que eles encontrassem uma boa vida aqui na terra.”
“A maioria das pessoas com quem conversamos compartilhou que não planejavam fazer Aliá”, acrescentou Nicole. “No entanto, alguns sonharam com isso em um estágio anterior da vida ou consideraram suas opções, mas não pensaram seriamente nisso até essa súbita mudança de eventos.”
“Os presentes foram muito bem-vindos, mas eles queriam muito contar suas histórias. Tem sido uma montanha-russa emocional para eles. Ouvimos muito “spasiba” (“obrigado” em russo). Eles ficaram agradecidos e se sentiram vistos. O fato de termos cartões escritos à mão vindos da Holanda e cartões coloridos por crianças deu uma dimensão extra”, acrescentou Hennie.
“Você acorda uma manhã para a guerra e uma situação geopolítica que você não antecipou e aqui estamos nós – uma vila global. De repente as prioridades mudaram. Tudo muda da noite para o dia”, observou o vice-prefeito Peres. “Sem parceiros não teríamos conseguido. Obrigado a ICEJ por ser um desses parceiros.”
Por favor, continue a apoiar os projetos de Aliá e Integração da ICEJ, que estão fazendo a diferença na vida de muitos novos imigrantes judeus em Israel.