Por David Parsons, Vice-Presidente & Porta-Voz Sênior da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera

“Porque, se o fato de terem sido eles rejeitados trouxe reconciliação ao mundo, que será o seu restabelecimento, senão vida dentre os mortos?” (Romanos 11:15)

Enquanto Israel se prepara para comemorar 75 anos desde seu renascimento moderno em maio de 1948, o impacto desse evento dramático ainda reverbera até hoje. Então, o que o retorno de Israel ao cenário mundial significa para nós como cristãos hoje?

Para começar, o renascimento nacional de Israel envolveu dores de parto, pois está para sempre ligado ao Holocausto. O “milagre” da soberania judaica restaurada na histórica Terra de Israel ocorreu apenas três anos após o fim do genocídio nazista contra os judeus. O Holocausto marcou o ponto mais baixo da longa e difícil jornada do povo judeu de peregrinação entre as nações. No entanto, apenas três anos depois, eles de repente conseguiram alcançar a independência nacional em sua terra natal ancestral.

Surpreendentemente, o apóstolo Paulo declarou há muito tempo que a colheita de Israel nos últimos dias seria como “a vida dentre os mortos!” (Romanos 11:15) Isso significa que o renascimento de Israel é nada menos que o poder da ressurreição de Deus ainda operando na Terra hoje!

Paulo baseou seu ensino do re-avivamento de Israel em Romanos 11 em numerosas passagens do Antigo Testamento, como Isaías 6 e Jeremias capítulos 24 e 31. Os profetas hebreus descrevem a restauração final de Israel como um processo de duas fases, começando com a reunião física dos judeus de volta para a Terra de Israel em incredulidade, e então sua reunião espiritual de volta a Deus por um derramamento especial do Espírito Santo. “[…] tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós […]”, o Senhor afirma claramente em Zacarias 1:3 e Malaquias 3:7. Mas talvez as passagens proféticas mais claras sobre como a restauração prometida de Israel se desenrolaria possam ser encontradas nos capítulos 36 e 37 de Ezequiel.

Em Ezequiel 36:24-28, Deus declara: “Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra. Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito […]”

Então em Ezequiel 37 temos a visão do Vale dos Ossos Secos, onde o profeta fala de um tempo de grande calamidade quando o povo de Israel diria: “Nossos ossos estão secos, nossa esperança está perdida, e nós mesmos fomos cortados!” É como se ele estivesse olhando através do tempo para as valas comuns de judeus massacrados no Holocausto. No entanto, Deus declara que nem tudo está perdido; que em seu momento mais baixo Ele certamente abriria “a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. Sabereis que eu sou o Senhor , quando eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela, ó povo meu.”. (Ezequiel 37:12-13)

Quatro vezes em dois versículos, Deus decreta que Ele tiraria Israel de suas sepulturas. Portanto, Paulo é capaz de proclamar: “Porque, se o fato de terem sido eles rejeitados trouxe reconciliação ao mundo, que será o seu restabelecimento, senão vida dentre os mortos?” (Romanos 11:15)

Por 75 anos, todos nós temos testemunhado o poder da ressurreição de Deus em ação em Israel. Isso coloca muita responsabilidade sobre nós. Como assim?

Os Apóstolos disseram a todos que eram “testemunhas” da morte e ressurreição de Jesus. Na mentalidade hebraica, ser uma “testemunha” carrega um significado mais profundo do que apenas assistir a um crime ou acidente acontecer. É uma questão muito mais séria.

Primeiro, os Dez Mandamentos dizem: “Não dirás falso testemunho”. (Êxodo 20:16) Acrescente a isso a Lei das Testemunhas em Deuteronômio 19:15-21, que afirma que você precisa de duas ou mais testemunhas para estabelecer a culpa de alguém por transgredir a Lei de Moisés. Mas se uma testemunha testemunhar falsamente sobre a violação de uma lei, ela estava sujeita à mesma punição do crime do qual estava acusando outra pessoa.

Portanto, os seguidores de Jesus teriam corrido um risco enorme de ir perante o Sinédrio e testemunhar sua cumplicidade na morte de Jesus. Mas se essa oportunidade surgisse, os 12 apóstolos seriam realmente os escolhidos para servir como testemunhas perante o Sinédrio sobre a morte e ressurreição de Jesus, com todos os riscos que isso acarretava – ou seja, a pena de morte.

Então, em Atos 10:39-42, Pedro disse ao primeiro gentio convertido, Cornélio: “E nós somos tetsemunhas […] escolhidas por Deus, isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos; e nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos.”

Paulo faz uma observação semelhante ao pregar aos gregos eruditos em Atenas: “Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.” (Atos 17:30-31)

Pedro e Paulo concordaram que a ressurreição de Jesus trazia uma mensagem, que por ela Ele foi declarado o Juiz de toda a humanidade. Portanto, você pode ter se livrado com sua ignorância e idolatria no passado, mas agora você é responsável perante Deus e é hora de se arrepender.

Cada ato do poder da ressurreição de Deus carrega uma mensagem. Quando Jesus ressuscitou Lázaro dentre os mortos, Ele declarou: “Eu sou a Ressurreição e a Vida”. (João 11:25) Quando Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, Ele foi declarado o Juiz de toda a humanidade, e você não pode mais escapar impune do seu pecado e ignorância de Deus.

Então, qual é a mensagem de Deus ao ressuscitar Israel da sepultura em nossos dias? Primeiro, é que o mundo está prestes a ser julgado. Assim como a construção da arca por Noé foi o maior sinal para o mundo antigo de que eles estavam prestes a ser julgados, a construção de Sião é o sinal mais claro de que estamos prestes a ser julgados (Salmo 102:16; Isaías 54:9). . E esse julgamento inclui como tratamos a nação e o povo judaico. Salmo 2, Joel 3, Jeremias 30:11, Sofonias 3:8 e outras passagens falam claramente disso. Em segundo lugar, a mensagem é que não podemos mais ser ignorantes ou indiferentes em relação a Israel.

Por 75 anos, o mundo cristão testemunhou Israel emergindo da sepultura do Shoah e colocado de volta em sua terra, um processo que ainda está se desenrolando e aguarda sua culminação na salvação nacional de Israel. Quando Israel estava disperso e em desacordo com Deus, você pode ter conseguido ignorá-los ou vê-los como sendo punidos pelo Senhor. Mas não mais. Uma vez que Ele restaurou Israel em sua terra, este é um novo dia! E seremos responsabilizados por nossa reação.

Alguns cristãos querem colocar Israel de volta na sepultura. Eles estão trabalhando com antissemitas para minar a legitimidade de Israel e desmantelar o estado judeu. Eles devem temer a Deus!

Mas há uma categoria muito maior de cristãos que são indiferentes à ressurreição em curso de Israel. Acham que não tem nada a ver com eles. Mas depois de 75 anos de Israel superando tantos desafios e abençoando o mundo todo, não podemos ficar presos em nossa ignorância e indiferença. Todo cristão precisa se conectar a Israel de maneiras positivas e significativas.

Ter amor e preocupação por Israel não é um teste decisivo para saber se alguém é salvo. Mas acredito que indica se você está fluindo com o Espírito Santo hoje. Após 75 anos de um Israel avivado, se continuarmos apegados às velhas visões e atitudes negativas em relação ao povo judeu, ou ainda pensarmos que Israel não importa, você corre o risco de ser cortado do mover do Espírito Santo em nossos dias (Romanos 11 :20-21). E Deus também não vai ignorar isso quando todos nós estivermos em julgamento diante Dele.

Crédito das Fotos: Flash90, Getty, GPO