O texto a seguir é um trecho da mensagem de Andrew Brunson na Festa 2022.
Traduzido por Julia La Ferrera

Este é um dia especial para mim pessoalmente, porque em 12 de outubro de 2018 – quatro anos atrás – eu estava diante de juízes em um tribunal turco. Eles tinham acabado de me condenar como terrorista, e eu estava esperando que eles me sentenciassem. E eu não sabia se veria minha esposa ou família novamente…

Eu tinha lido biografias de meus heróis espirituais e o que eles sofreram pelo Senhor, e eles aparentemente tiveram vitórias maravilhosas durante seu tempo na prisão, ou diferentes tipos de sofrimento que eles tiveram. E em minha caminhada pessoal com Deus, eu buscava Sua presença há anos. Então, eu tinha uma expectativa de que se eu for para a prisão, será difícil. Será solitário. Eu sentirei tristeza às vezes. Mas também terei uma sensação de alegria. E eu terei uma sensação de força. E eu terei um senso de graça. E certamente, terei a sensação da presença de Deus. Afinal, eu corri atrás de Sua presença por anos…

Então, o que realmente me surpreendeu quando cheguei à prisão é que comecei muito rapidamente a quebrar de muitas maneiras. Eu tinha sido um missionário relativamente ‘durão’. Estávamos plantando igrejas há anos em um país muçulmano… Tínhamos ameaças de bomba, ameaças de morte, eu tinha sido atacado por pistoleiros uma vez. Então, fiquei surpreso quando quebrei tão rapidamente. Eu estava em confinamento solitário, então fui colocado em uma cela de prisão construída para oito pessoas. Havia 22-23 de nós naquela cela lotada. Todos os meus companheiros de cela eram muçulmanos. Eu não tive nenhum outro cristão comigo durante meu tempo na prisão, e o único contato cristão foi com minha esposa.

Então, eu estava muito isolado e comecei a ter muitas dúvidas… Onde estava Deus? Perdi todo o sentido de Sua presença. Eu perdi Sua voz. E eu estava profundamente ferido por isso. Eu pensei, como isso pode acontecer? Agora, objetivamente, posso dizer que Deus não me abandonou. Mas realmente, realmente me senti assim. Eu senti como se estivesse vivendo em um silêncio muito escuro durante aqueles dois anos na prisão… E eu realmente comecei a duvidar de Sua existência, eu comecei a questionar Seu caráter, Seu amor, Sua fidelidade e bondade, e Sua verdade… isso veio de um coração ferido. Veio porque me ofendi com Deus, porque Ele não atendeu às minhas expectativas.

Agora, eu não estou aqui para falar sobre o meu quebrantamento. Estou aqui para falar sobre Deus me reconstruindo. Uma das coisas que quero enfatizar é o quão perigoso pode ser o coração ofendido e onde ele pode nos levar… de cristãos que falharam em seus testes. Não estou falando se eles vão para o céu ou não. Mas eles falharam em seu relacionamento com Deus quando estavam sob pressão.

E comecei a clamar a Deus: “Não quero acabar assim. Estou tão perto do fracasso. Estou tão perto de perder meu relacionamento com o Senhor.” E eu decidi lutar. Não posso fazer muito para lutar pela minha liberdade física, mas posso lutar pelo meu relacionamento com Deus. Eu disse, “Deus, se o Senhor nunca me libertar deste lugar, eu ainda Te seguirei.” E tomei a decisão de voltar meus olhos para Jesus. E muitas vezes na escuridão e nos meus pontos mais baixos, eu tive que tomar essa decisão de novo e de novo… E, às vezes, na minha fraqueza, o máximo que eu podia fazer era virar um grau em Sua direção, apenas um pouco, porque eu sou fraco, estou quebrado, mal virando em Sua direção. Mas virar um grau para Ele, em vez de um grau para longe dEle, faz toda a diferença do mundo.

Então, parece-me que Deus está procurando por aqueles que vencerão a ofensa, aqueles que resistirão à dúvida e à confusão, e à dor. Ao fazer isso, eles provarão sua devoção e fidelidade a Jesus e provarão, em certo sentido, que são dignos Dele.