golden lampstand with oil burning flame - firefly
Por David Parsons, Vice-Presidente & Porta-Voz Sênior da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera 

“Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma campina; porque ele colocará a pedra de remate, em meio a aclamações: Haja graça e graça para ela!” (Zacarias 4:6-7)  

À medida que nos aproximamos da Festa dos Tabernáculos em Outubro, o nosso tema da Festa deste ano tornou-se ainda mais relevante: “Pelo Meu Espírito, diz o Senhor!”

Quando escolhemos este tema, ainda antes da Festa do ano passado, não sabíamos quão apropriado seria agora. Isto foi antes dos horríveis massacres de 7 de Outubro, que foram um grande choque para nós depois de visitarmos a fronteira de Gaza com 700 participantes da Festa apenas dois dias antes. Ironicamente, o último preletor do nosso comício de solidariedade em Sderot naquele dia foi um comandante israelense, Brig. General Amir Avivi, que encerrou seu briefing de segurança com as palavras: “A vitória de Israel ‘não é por força nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor’”.

A guerra que se seguiu causou muita dor, tristeza, destruição e incerteza em Israel. Também nos lembrou que sempre que o povo judeu está sendo restaurado em Eretz Israel, deve segurar numa mão uma espátula para construir e com a outra uma espada para defender. Foi esse o caso quando Josué liderou os antigos israelitas na posse da Terra Prometida, e depois novamente quando Esdras e Neemias os levaram de volta para reconstruir Jerusalém após o cativeiro babilônico. Esse parece ser o padrão que o povo judeu deve aceitar e seguir sempre que regressar à sua terra natal ancestral – até mesmo ao Israel moderno de hoje.

Há outro padrão que emerge também dos relatos bíblicos do regresso de Israel à Terra, e está ligado ao tema da nossa Festa. Uma vez de volta à Terra, os líderes de Israel sempre levaram o povo a um lugar de arrependimento e renovação espiritual em relação ao seu relacionamento de aliança com Deus.

Este padrão pode ser visto quando os israelitas reentraram na Terra vindos do exílio no Egito. Uma das primeiras coisas que Josué fez foi construir um altar a Deus no Monte Ebal e levar o povo ao arrependimento e à renovação dos seus votos no Sinai de adorar e servir somente a Ele (Josué 8:30-35).

Também ocorreu quando Neemias reuniu o povo em uma assembleia solene para se arrepender de todos os pecados e rebeliões que causaram seu exílio na Babilônia e para renovar sua aliança com Deus. Neemias capítulo 9 registra como eles se reuniram “com jejum e pano de saco e traziam terra sobre si […] puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados e das iniquidades de seus pais. (v. 1-2) Nossos pais, se houveram soberbamente, e endureceram a sua cerviz (v. 16) […] Todavia, tu, pela multidão das tuas misericórdias, não os deixaste no deserto (v. 19) […] a aflição que nos sobreveio […] desde os dias dos reis da Assíria até ao dia de hoje. (v. 32) […] tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; pois tu fielmente procedeste, e nós, perversamente”. (v. 33)

O famoso decreto do Cilindro de Ciro em letras cuneiformes em exibição no Museu Britânico que corrobora os relatos bíblicos de que o rei persa Ciro permitiu que os judeus reconstruíssem seu Templo em Jerusalém. (Wikimedia Commons/Mike Peel-www.mikepeel.net) 

Esta assembleia solene aconteceu ao redor do altar do Senhor que Esdras havia construído. Os primeiros três capítulos do livro de Esdras registam como os judeus receberam autoridade do primeiro rei persa, Ciro, para reconstruir o seu Templo e restaurar a adoração a Deus de acordo com a sua lei. Ciro não apenas lhes deu poder com um decreto oficial, mas até devolveu os tesouros do Templo para uso mais uma vez na Casa do Senhor. Assim, o altar foi erguido, os sacrifícios renovados, as festas celebradas e os fundamentos do Templo foram lançados.

Mas então Ciro faleceu e a concessão de autoridade com ele. Os fundos secaram. A oposição à obra também surgiu por parte dos samaritanos e de outros líderes locais, como Sambalate e Tobias, que enganaram o próximo governante persa para ordenar a parada da construção. Enquanto isso, alguns dos veteranos que tinham visto o esplendor do Templo de Salomão reclamaram que a glória desta casa não se comparava à glória da casa anterior. Infelizmente, a frustração se instalou e o trabalho na Casa do Senhor cessou.

Na verdade, durante os dezesseis anos seguintes o trabalho definhou, até que o Senhor restaurou um fluxo profético para a nação, enviando os profetas Ageu e Zacarias para encorajar e inspirar o povo a terminar a Casa do Senhor. Isto está registrado no livro de Esdras, capítulo 5, que acrescenta que “os profetas de Deus [os ajudavam]”.

O profeta Ageu veio e proclamou que o povo não deveria comparar a Casa inacabada com o antigo Templo, mas “sê forte, diz o Senhor, e trabalhai, porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos […] o meu Espírito habita no meio de vós; não temais […] encherei de glória esta casa […] A glória desta última casa será maior do que a da primeira” (Ageu 2:3-9)

Ao mesmo tempo, o profeta Zacarias proclamou que esta obra seria concluída não pela força – isto é, pela espada (embora ajude); e não pelo poder – isto é, por decreto real ou autoridade humana (embora isso também ajude); mas a obra seria completada “‘pelo Meu Espírito’, diz o Senhor”.

Na verdade, a montanha de escombros onde antes ficava o Templo se tornaria uma planície, e a “pedra angular” – a obra concluída – seria trazida à tona com gritos de “Haja graça e graça para ela!” (Zacarias 4:7)

Zacarias também afirmou que o príncipe israelita Zorobabel havia lançado os alicerces do Templo e que sua mão o terminaria. (Zacarias 4:9)

No capítulo 4, Zacarias também tem uma visão de duas oliveiras alimentando um candelabro de ouro, que o anjo mais tarde explica serem “os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra”. (Zacarias 4:2-3, 11-14) Existem várias interpretações e especulações sobre as duas figuras nesta imagem, às quais o Apóstolo João também alude em Apocalipse 11 como as “duas testemunhas”. Tenho minha própria opinião sobre essas duas figuras proféticas, mas por enquanto vamos nos concentrar na mensagem clara dessas passagens: A nação de Israel completará sua missão, encontrará seu lugar de arrependimento e será renovada no relacionamento correto com Deus, mas eles primeiro precisam de um fluxo profético restaurado para a nação.

No regresso moderno de Israel, a nação ainda não encontrou aquele lugar de arrependimento e recuperação nacional, uma vez de regresso à Terra. No entanto, os profetas falam disso em todos os lugares, por exemplo, em Joel 2:12-32.

Oséias também prediz este momento prometido: “Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele.” (6:1-2) A palavra hebraica para ‘tornemos’ aqui denota não apenas retorno físico, mas também teshuvá, que significa arrependimento e retorno a Deus.

Acredito que Apocalipse 11 também é uma passagem incrível que nos assegura que um poderoso fluxo profético será restaurado em Israel para trazê-los a esse lugar de arrependimento nacional e para completar a obra redentora de Deus neste povo.

Um selo de argila do período persa recentemente descoberto nas escavações da Cidade de David, que pode representar a reconstrução do templo judaico em Jerusalém. (Shai Halevy/Autoridade de Antiguidades de Israel)

Hoje, precisamos orar para que o povo de Israel não se deixe intimidar pelas ameaças e ataques implacáveis ​​dos regimes islâmicos radicais e das milícias terroristas, mas que se defenda e continue a possuir a Terra e a construir Jerusalém. Também precisamos orar para que os líderes mundiais se tornem como Ciro, e até como Dario e Artaxerxes – cada um dos quais foi inspirado pelo Espírito de Deus, afinal, para capacitar os Judeus para reconstruirem a cidade e o Templo em Jerusalém.

Em última análise, não é pelo poder da espada, nem pelo poder da autoridade real e dos decretos humanos, mas é pelo Espírito do Senhor que Israel alcançará o seu destino redentor em Deus. Oremos por uma restauração da voz profética divina à nação de Israel e aos seus líderes nos nossos dias, e por corações dispostos a ouvir e obedecer a essa voz profética prometida. Pois é apenas na obediência a essa voz do Senhor que Israel encontrará o seu caminho através da oposição e dos obstáculos que se avizinham, mesmo que todas as nações tentem ficar no caminho.

Foto principal: ilustração de Zacarias 4 (Gerado em Adobe Firefly/Photoshop. Candelabro de ouro com óleo e chama acesa/Ramos de folhas de oliveira/ Azeite dourado pingando).