
Páscoa: Uma Jornada Atemporal da Escravidão à Liberdade
Data: 11.4.2025Por Marelinke van der Riet
Traduzido por Julia La Ferrera
Com a aproximação do Pêsach (Páscoa), Jerusalém fervilha de atividade. As famílias judias estão imersas na limpeza de primavera, removendo o chametz (fermento) de suas casas em preparação para a Festa dos Pães Asmos, que dura sete dias. É um momento de lembrança — o Êxodo do Egito — mas, além da libertação física, reflete uma história mais profunda e atemporal: nossa jornada espiritual da escravidão do pecado à liberdade vitoriosa encontrada em Cristo.
Esta estação também marca o início do mês hebraico de Nisã, o “primeiro mês” bíblico, quando Deus declarou: “Este mês será o princípio dos meses para vocês” (Êxodo 12:2). Enquanto Rosh Hashaná é o Ano Novo civil judaico, Nisã é o primeiro mês do calendário eclesiástico. Dos quatro Anos Novos judaicos (1º de Nisã, 1º de Elul, 1º de Tishrei e 15 de Shevat), Nisã se destaca — ele relembra o momento em que uma nação nasceu e iniciou sua jornada da escravidão à promessa. Curiosamente, a palavra Nisã vem da palavra hebraica nitzan, que significa “broto”, simbolizando a primavera — uma nova estação e um novo começo.

A história do Êxodo não se resume a uma fuga histórica do Egito — é uma narrativa viva e contínua que continua a moldar nossa compreensão da verdadeira liberdade. Embora os israelitas fossem fisicamente livres, ainda precisavam se curar do trauma da escravidão. Hoje, muitos vivenciam um paradoxo semelhante: liberdade física, mas escravidão interna. A história do Êxodo nos ensina que a verdadeira libertação requer cura interior — um processo tão importante, se não mais, do que a emancipação física.
Este ano, esse anseio por liberdade parece especialmente forte. Israel enfrenta conflitos, antissemitismo crescente e a dolorosa realidade de 59 reféns ainda mantidos em Gaza. O antigo clamor: “Deus, livra-nos!” ecoa com urgência. Como nos lembra Êxodo 3:7, Deus vê, ouve e conhece as tristezas do Seu povo — e Ele ainda age.
A cada geração, os “Faraós” assumem novas formas: injustiça, opressão e sistemas que oprimem os vulneráveis. No entanto, nenhum poder pode resistir à vontade de Deus de libertação. Até mesmo a palavra hebraica para Egito, mitzrayim, significa “lugares estreitos” — um símbolo de todos os espaços onde nos sentimos presos ou constrangidos. Mas Deus promete libertação desses momentos de mitzrayim, sejam eles físicos, emocionais ou espirituais. Como Ele declarou em Êxodo 6:6-7: “Eu os tirarei… Eu os livrarei… Eu os resgatarei… Eu os tomarei como meu povo.”
Essas quatro promessas estão incorporadas nos quatro cálices do Seder de Páscoa, cada um simbolizando um aspecto distinto do plano redentor de Deus. O primeiro cálice, o Cálice da Santificação, marca a promessa de Deus de libertar Seu povo da escravidão. O segundo, o Cálice da Libertação, simboliza a libertação da escravidão. O terceiro, o Cálice da Redenção, representa o poderoso ato de resgate de Deus, enquanto o quarto, o Cálice de Louvor, celebra a aliança de Deus com Seu povo.
Para os cristãos, essa promessa de libertação encontra seu cumprimento final em Jesus Cristo, nosso Cordeiro Pascal. Ele personifica o terceiro cálice — o Cálice da Redenção — por meio de Seu sacrifício na cruz. Por meio dEle, somos libertos do pecado e da morte. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36). A liberdade em Cristo não está limitada pelas circunstâncias — ela é eterna.

Nesta Páscoa, enquanto os lares judaicos removem o fermento — um símbolo do pecado — somos lembrados de purificar também nossos corações. Como Paulo escreve em 1 Coríntios 5:7-8, somos chamados a celebrar a festa “com os pães ázimos da sinceridade e da verdade”. Esse processo de purificação é tanto espiritual quanto físico.
Que esta época inspire nossos corações a interceder, buscando liberdade não apenas para nós mesmos, mas para todos os que ainda estão presos. Que Deus traga libertação rápida e nos conduza de lugares estreitos para a liberdade plena do Seu amor redentor.
Chag Pêsach Sameach!
Foto Principal: Aida L/Unsplash