Marcando o 125º aniversário do Primeiro Congresso Sionista
Data: 30.8.2022Por David Parsons, Vice-Presidente & Porta-Voz Internacional da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera
No fim de semana passado, várias centenas de cristãos, juntamente com autoridades e convidados judeus se reuniram na Basileia, no mesmo local do então Stadt Casino, onde o Primeiro Congresso Sionista foi realizado há 125 anos. Foi neste local que Theodor Herzl se reuniu com líderes sionistas de comunidades judaicas em agosto de 1897 para planejar um futuro Estado de Israel.
A liderança da ICEJ Suíça de René Emmenegger organizou o encontro, que iniciou três dias de eventos comemorando 125 anos desde o Primeiro Congresso Sionista. René Emmenegger conseguiu reunir uma incrível tapeçaria de preletores de origem judaica e igrejas tradicionais e modernas da Suíça, que juntos transmitiram uma poderosa mensagem de apoio e amizade ao Estado judeu.
O presidente da ICEJ, Dr. Jürgen Bühler abriu a conferência e vários especialistas em Herzl e o movimento sionista também falaram, antes do vice-presidente de Assuntos Internacionais da ICEJ, Dr. Mojmir Kallus, fazer o discurso de encerramento.
“Exatamente 51 anos depois dessa mesma conferência, nesta sala, nascia o Estado de Israel e o milagre desta conferência de Basileia estava acontecendo. Eu acredito que você pode dizer hoje que aqueles pais fundadores do Estado de Israel, que se reuniram aqui, neste mesmo salão há 125 anos, eles nunca poderiam imaginar o que está acontecendo em Eretz Israel hoje. Que Israel se tornou uma nação start-up, e que Israel se tornou uma voz líder e uma personalidade líder em pesquisa e desenvolvimento global. Estamos aqui hoje para celebrar o que Deus fez com o povo judeu e também para afirmar nossa posição e nosso apoio ao povo judeu nos próximos anos e décadas”, comentou o presidente do ICEJ, Dr. Jürgen Bühler.
A resolução da Conferência de Basileia marcando 125 anos de sionismo:
Nós, os delegados cristãos reunidos em Basileia, neste dia 28 de agosto de 2022, nos reunimos com nossos amigos judeus para marcar o 125º aniversário do Primeiro Congresso Sionista convocado neste mesmo local, do então Stadt Casino em agosto de 1897. Desde então, a visão sionista, lançada por Theodor Herzl naquele primeiro congresso, produziu muitas grandes conquistas, principalmente o renascimento da nação de Israel em maio de 1948.
Hoje, o sucesso do estado de Israel hoje possivelmente excede as expectativas dos participantes da Basileia em 1987. Israel hoje é uma luz brilhante no Oriente Médio, como a única democracia verdadeiramente livre e vibrante na região. Israel cresceu para se tornar uma poderosa figura econômica global e as pesquisas e avanços científicos da nação start-up Israel são de tirar o fôlego e impactam todas as nações do mundo hoje.
No entanto, a realização do sonho de Herzl teve um grande custo. Seis milhões de judeus foram brutalmente assassinados durante o Holocausto perpetrado pela Alemanha nazista de 1938 a 1945. Ao comemorar o Primeiro Congresso Sionista, desejamos relembrar e reafirmar os principais eventos e esforços nas décadas seguintes que levaram ao estado judaico e reformularam as relações judaico-cristãs, ao mesmo tempo em que aborda as principais preocupações que ainda enfrentam a nação e o povo judeu hoje.
Em primeiro lugar, notamos com profundo apreço a histórica Conferência de Seelisberg, realizada aqui na Suíça, logo após o Holocausto em 1947, na qual os principais líderes cristãos e judeus procuraram envolver os cristãos mais plenamente na luta contra o antissemitismo e criar uma nova fundação para o diálogo judaico-cristão daqui para frente. Nesta ocasião, reafirmamos os Dez Pontos da Declaração de Seelisberg, consistindo da seguinte forma:
1. Lembrar que o Único Deus fala a todos através do Antigo e do Novo Testamento.
2. Lembrar de que Jesus nasceu de uma mãe judia, da semente de Davi e do povo de Israel, e que Seu amor e perdão eternos abrangem Seu próprio povo e o mundo inteiro.
3. Lembrar que os primeiros discípulos, os apóstolos e os primeiros mártires eram judeus.
4. Lembrar de que o mandamento fundamental do cristianismo, de amar a Deus e ao próximo, proclamado já no Antigo Testamento e confirmado por Jesus, é obrigatório para cristãos e judeus em todas as relações humanas, sem exceção.
5. Evitar depreciar o judaísmo bíblico ou pós-bíblico com o objetivo de exaltar o cristianismo.
6. Evitar usar a palavra judeus no sentido exclusivo dos inimigos de Jesus, e as palavras ‘inimigos de Jesus’ para designar todo o povo judeu.
7. Evitar apresentar a Paixão de forma a trazer o ódio da morte de Jesus apenas aos judeus. Na verdade, não foram todos os judeus que exigiram a morte de Jesus. Não são apenas os judeus os responsáveis, pois a Cruz que nos salva revela que foi pelos pecados de todos nós que Cristo morreu.
8. Evitar se referir às maldições das Escrituras ou ao clamor de uma multidão enfurecida: Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos, sem lembrar que esse clamor não deve contar contra as palavras infinitamente mais pesadas do Senhor: Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.
9. Evitar promover a noção supersticiosa de que o povo judeu é réprobo, amaldiçoado, reservado para um destino de sofrimento.
10. Evitar falar dos judeus como se os primeiros membros da Igreja não fossem judeus.
Em segundo lugar, notamos que a Conferência de Seelisberg foi convocada um ano antes de Israel ser restabelecida como nação e, portanto, convocamos todos os cristãos a abraçar os seguintes pontos adicionais oferecidos no espírito de Seelisberg:
11. Afirmamos a nação renascida de Israel hoje como evidência da fidelidade de Deus ao Seu relacionamento de aliança duradouro com o povo judeu selado pela primeira vez com o Patriarca Abraão há cerca de quatro mil anos. Esta aliança, que antecede a fé cristã em dois milênios, nunca foi encerrada e, de fato, é irrevogável de acordo com a palavra de Deus. É importante que os cristãos compreendam e respeitem o lugar central da Terra de Israel no judaísmo e na identidade judaica.
12. Afirmamos que o direito de Israel de existir como nação em paz e segurança é indiscutível. Este princípio foi devidamente reconhecido pela comunidade internacional, ao reconhecer os direitos e reivindicações históricas e pré-existentes do povo judeu à Terra de Israel, na Declaração Balfour de 1917, na Conferência de San Remo de 1920, no Mandato Britânico sobre a Palestina aprovado pela Liga das Nações em 1922, o Plano de Partilha das Nações Unidas de 1947 e a aceitação de Israel como estado membro da ONU em 1949. Celebramos hoje este legado de Israel ocupando seu lugar de direito entre as nações, que é um cumprimento da visão de Herzl, de um estado judeu reconstituído servindo como um porto seguro para as comunidades judaicas das ameaças duplas de antissemitismo e assimilação.
13. Afirmamos Jerusalém como a capital eterna e indivisa do Estado de Israel. O vínculo histórico do povo judeu com Jerusalém remonta há 3.000 anos, ao rei Davi, que declarou Sião como o centro espiritual e político do povo de Israel. Desde então, mesmo na diáspora, o povo judeu manteve vivo esse vínculo eterno sonhando em estar ‘no próximo ano em Jerusalém’.
14. Afirmamos que o antissemitismo continua sendo uma ameaça predominante para o povo judeu hoje e deve ser rejeitado e combatido pelos cristãos em todos os lugares. O antissemitismo nunca é aceitável, nem na forma clássica de antijudaísmo, nem nas formas mais contemporâneas de anti-israelismo e antissionismo. Nesse sentido, observamos, com grande preocupação, os esforços globais para deslegitimar o Estado de Israel. Estamos profundamente preocupados que no coração da Europa as vozes sejam toleradas, como nas manifestações de hoje, em Basileia e outras cidades europeias, que questionam o próprio direito de existência do Estado de Israel. Isso é inaceitável. Apelamos a todos os cristãos e a todos os líderes governamentais que tomem uma posição clara e intransigente contra essas formas modernas de antissemitismo.
15. Afirmamos o chamado bíblico para que a igreja mundial conforte Israel. O apóstolo Paulo descreve a igreja como uma “devedora” para com o povo judeu, pois por ele recebeu o Messias e as escrituras e, como o próprio Jesus disse, “a salvação é dos judeus”. Portanto, os cristãos de todo o mundo hoje são chamados a orar pela paz de Jerusalém e pelo bem-estar do Estado de Israel, a permanecer em amizade e apoio a Israel e a mostrar apoio de amor incondicional ao povo judeu em todo o mundo.
16. Nós finalmente reconhecemos com alegria hoje, na comunidade evangélica global em rápido crescimento, que uma mudança de paradigma está em andamento, que muda significativamente a atitude de centenas de milhões de fiéis em relação a Israel e ao povo judeu. Em todos os continentes, em particular no sul global, as igrejas e denominações cristãs compreendem cada vez mais as raízes bíblicas e hebraicas de sua fé e se tornaram amigos verdadeiros e incondicionais de Israel e do povo judeu. Esse movimento crescente precisa ser ainda mais fortalecido e nutrido.