
Lições do relacionamento de amor de Deus com Israel
Data: 26.2.2025Por Ingolf Ellßel
Traduzido por Julia La Ferrera
Quero começar falando sobre o relacionamento de Deus conosco, focando no que podemos aprender com Israel. Como cristãos, é importante entender a jornada dos primeiros cristaõs com Deus, e o exemplo-chave é Abraão. Ele fez uma aliança com Deus, e dali uma linha de bênçãos começou, levando a mil anos de histórias sobre o povo de Israel e seu relacionamento com Deus. Sua história, cheia de glória e vergonha, está registrada para todas as nações lerem — luz e sombra igualmente.
O amor de Deus por Israel é claro. Ele diz: “Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra.” (Deuteronômio 7:6) Esta é uma história de amor – uma linda declaração do coração de Deus por Israel. Ela continua em passagens como 1 Samuel 12:22, onde Deus promete não rejeitar Israel, porque Ele tem prazer em chamá-los de Seus.

Mesmo em meio aos fracassos de Israel, o amor de Deus permanece inabalável. Em Isaías 43:4, Ele diz: “Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e os povos, pela tua vida.” O amor de Deus por Israel é constante, apesar da rejeição deles a Ele às vezes. Jeremias 31:3 fala desse amor assim: “Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” Essas palavras são poderosas, especialmente em um momento em que muitos relacionamentos se desfazem. O amor de Deus por Israel perdura.
No entanto, o relacionamento de Israel com Deus nem sempre foi fácil. Quando eles se voltaram para a idolatria, isso partiu o coração de Deus. Como Isaías 65:2-3 expressa, o amor de Deus foi recebido com rejeição: “Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde […] povo que de contínuo me irrita abertamente […]” Isso nos dá um vislumbre de como Deus se sente quando nos afastamos dele.
O coração de Deus está cheio de amor por nós, mas também de dor quando seguimos nosso próprio caminho. Na história do bezerro de ouro, a rejeição de Deus por Israel é um exemplo trágico. Moisés estava na montanha recebendo os Dez Mandamentos, e em sua ausência o povo fez um ídolo. Esse ato de rebelião foi um corte fundo, e é como uma traição em um relacionamento. Posso relacioná-lo a uma experiência pessoal de se apaixonar, apenas para ser rejeitado mais tarde – é uma dor profunda.
Quando Moisés retornou, ele viu o pecado do povo e agiu decisivamente. Ele ordenou que aqueles que eram do Senhor se apresentassem, e as consequências das ações dos idólatras foram severas – 3.000 pessoas morreram naquele dia. Foi um resultado trágico da idolatria e rebelião de Israel.
Apesar disso, Moisés intercedeu pelo povo, pedindo misericórdia a Deus. Seu amor por Israel era evidente, mas como um pecador, Moisés sabia que somente o derramamento de sangue poderia expiar seus pecados. Isso prenunciava o sacrifício final de Jesus, cujo sangue faria expiação por todos nós.
Por meio dessa história, aprendemos sobre o profundo amor de Deus e Sua dor quando nos desviamos. É um lembrete de que nosso relacionamento com Deus é sério e requer fidelidade. O amor de Deus é forte e eterno, mas também nos coloca cara a cara com as consequências de nos afastarmos Dele.
O Novo Testamento confirma que o sangue é necessário para o perdão dos pecados, como Jesus ensinou em Mateus 26:28, onde Ele disse: “Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.” Seu sacrifício foi a oferta final e perfeita, pois Ele assumiu todos os pecados e morreu por nós.
Moisés, em sua segunda jornada montanha acima, sabia que a satisfação de Deus não poderia ser encontrada em seu próprio sangue. Moisés implorou a Deus para continuar com Israel, lembrando-o de Suas promessas. Deus, em Seu amor eterno por Israel, também deve abordar o pecado. Seu amor e sofrimento coexistem. O pecado cria distância, mesmo em relacionamentos humanos, e Deus não pode ignorá-lo.
Em Êxodo 33, Deus promete enviar um anjo para guiar Israel à Terra Prometida, mas Ele também diz que não estará com eles devido ao pecado deles. Moisés, no entanto, se recusa a seguir em frente sem a presença de Deus, percebendo que meras bênçãos sem comunhão com Deus são insuficientes. Deus respondeu ao apelo de Moisés, mostrando Sua disposição de estar presente com Seu povo.
Mas o pecado de Israel, assim como a idolatria, levou-os a se distanciarem de Deus, levando-os a dificuldades. O povo aprendeu por meio de seus erros que o pecado traz separação de Deus, e eles enfrentaram as consequências. Em Êxodo 32, Moisés pede uma resposta radical: aqueles que são por Deus devem se separar do pecado. Essa ação drástica refletiu a severidade de romper a comunhão com Deus, e o povo viu o custo de sua idolatria.
Embora Deus tenha disciplinado Israel, Moisés continuou a interceder por eles. Seu apelo era, em última análise, pela misericórdia de Deus, mas ele entendeu que a expiação só poderia ser alcançada por meio do sangue. À medida que o povo continuava a enfrentar as consequências de seus pecados, o processo de expiação por meio do sangue se tornou mais claro. Este é um fundamento sobre o qual o Novo Testamento se baseia com o sacrifício de Jesus.
Por meio das lutas de Israel e seu afastamento de Deus, vemos um padrão que continua até hoje. Ídolos surgem em muitas formas, muitas vezes disfarçados para preencher o vazio no coração das pessoas. Mesmo em tempos de grande bênção e prosperidade, há um perigo em esquecer Deus. Seja por idolatria ou negligência, as pessoas, até mesmo as nações, podem perder de vista seu Criador.
Hoje, Israel e outros enfrentam um desafio espiritual: o perigo da prosperidade levar ao esquecimento de Deus. No entanto, Deus chama Seu povo para permanecer fiel, lembrando a todos nós de nunca deixar que as bênçãos ofusquem nosso primeiro amor por Ele.
Deixe-me lembrá-lo de algumas coisas. Você se lembra do dia em que se tornou um crente em Jesus Cristo? A graça que Ele lhe mostrou quando o encontrou, e como Ele o chamou para o Seu reino para servi-Lo? Ele o abençoou com dons, cuidado e até mesmo uma visão para o seu ministério. Talvez Ele também o tenha abençoado com uma família, um parceiro ou filhos.

Mas aqui vai uma pergunta: Como você está lidando com essas bênçãos? Você se viu amando o sucesso mais do que Jesus? Você se concentra mais na sua reputação do que no seu zelo pelo reino de Deus? Você ainda está trabalhando duro ou delegou tudo e deixou tempo para si mesmo?
Até o Rei Davi, quando bem-sucedido, tirou seu foco de Deus, e isso o levou por um caminho perigoso [com Bate-Seba]. Deus deseja estar conosco – não apenas para cumprir promessas, mas para comunhão. Quando as coisas em nossa vida criam distância Dele, isso causa dor, assim como aconteceu com Moisés e Israel.
Você se lembra dos momentos em que a presença de Deus era real em sua vida? Quando você acordou sentindo o Espírito Dele com você, guiando-o durante o dia? Precisamos de Jesus em primeiro lugar, não apenas como uma ferramenta para bênçãos, mas como nosso parceiro eterno.
Hoje, quero apontar alguns ídolos que podem se infiltrar em nossas vidas. Poder, orgulho, dinheiro, ganância e até mesmo coisas como saúde ou beleza podem se tornar ídolos se não tomarmos cuidado. Essas distrações desviam nosso foco do propósito que Deus tem para nós. Devemos lembrar que nossa vida na Terra é curta e nossos corpos vão desaparecer, então nosso foco não deve ser idolatrar a saúde ou a aparência.
Neste mundo, os ídolos assumem muitas formas: sucesso, beleza, amor-próprio, até mesmo esportes ou fama. Mas Jesus ensinou que se você amar demais a sua vida, você a perderá. Muitas vezes somos tentados a nos colocar no centro, mas nosso chamado é fazer de Jesus o centro de nossas vidas.
Nosso objetivo deve ser a eternidade, e para isso, damos o nosso melhor. Não deixe nenhum ídolo, grande ou pequeno, distrair você da missão que Deus lhe deu. Mantenha Jesus no centro, todos os dias, em todas as estações da vida.
[Este ensino foi extraído da mensagem do Rev. Ingolf Ellßel, presidente do Conselho Internacional de Curadores da ICEJ, na Envision 2025.]
Créditos das fotos: Menorá (Shutterstock), Envision (ICEJ)