Por Laurina Driesse
Traduzido por Julia La Ferrera

Aos 76 anos, Ruchlya Perlmuter chegou a Israel no final de 2022, após alguns meses angustiantes na Ucrânia devastada pela guerra. A princípio, ela relutou em partir e recomeçar a vida em outro país, mas quando sua cidade ficou sob forte bombardeio russo, tornou-se cada vez mais difícil para a idosa judia obter os cuidados médicos necessários – especialmente insulina para controlar seu diabetes. Nesse ponto ela sabia que teria que ir, mas ainda não foi fácil!

Como o número de refugiados de guerra ucranianos aumentou nos últimos 18 meses, a ICEJ se comprometeu a ajudar famílias judias desenraizadas a fazer Aliá para Israel o mais rápido possível. Com a ajuda de muitos ao longo do caminho, a longa jornada de Ruchlya começou com uma ambulância especial de Donetsk, no leste da Ucrânia, para uma ex-república soviética próxima. Lá, ela precisou atualizar os documentos para poder viajar ainda mais. Esse processo levou mais de um mês, mas finalmente ela conseguiu voar para Israel acompanhada por um médico em um voo patrocinado pela ICEJ.

Uma vez em Israel, ela inicialmente permaneceu em um centro de absorção até receber tratamento prioritário que lhe permitiu pular para a frente de uma lista de espera para um pequeno apartamento de um quarto em Berseba.

Completamente sozinha em Israel e com apenas uma mala de pertences pessoais, ela se mudou para um apartamento de um quarto sem mobília e enfrentou o desafio de torná-lo seu novo lar. Mais de uma vez, ela pensou em seu lindo apartamento em Donetsk, onde deixou tudo para trás sem esperança de recuperar nada.

No início deste ano, Nicole Yoder, vice-presidente da ICEJ para Assistência Social e Aliá, e outros membros de nossa equipe visitaram Ruchyla para ver como ela estava.

“Os desafios que essa corajosa mulher enfrenta todos os dias ficaram imediatamente evidentes quando ela recebeu um telefonema do médico e não entendeu o que ele estava dizendo”, contou Nicole. “Felizmente, como a ligação veio durante nossa visita, havia alguém por perto para traduzir e tudo foi organizado rapidamente. É óbvio, porém, que ela tem muitas perguntas e com milhares de imigrantes chegando, a ajuda nem sempre está disponível.”

Ruchlya notou que tudo é novo para ela. Ela tem que aprender novas maneiras de se locomover pela cidade, onde comprar o que precisa e muito mais.

“Tenho que pensar em como gastar meu dinheiro”, explicou Ruchyla. “Preciso de um ar condicionado para o verão? Eu só podia trazer uma sacola com meus pertences e metade disso era remédio. Então, eu precisei comprar tudo novo em Israel.”

Ao ouvi-la falar sobre suas preocupações, Nicole e a equipe entenderam que a compra de um ar-condicionado era uma grande preocupação para Ruchlya, que não sabia como iria se virar no calor sufocante do deserto de Berseba. Então, nossa equipe entrou em ação para encontrar um para ela!

Embora seu apartamento seja pequeno, Ruchyla se orgulha dele, certificando-se de que esteja limpo com tudo em seu lugar. Agora que está se acomodando, Nicole perguntou sobre seus sonhos para o futuro. Ruchlya compartilhou que quer aprender o máximo que puder sobre Israel.

“Sempre fui judia, mas agora quero entender o que significa ser uma judia vivendo em minha própria terra natal, Israel”, disse ela.

Parte desse processo significa aprender a língua hebraica para poder se conectar com outras pessoas, fazer amizades e se integrar totalmente à sociedade israelense. As tarefas diárias podem ser tão desafiadoras aqui sem o hebraico. Sua idade avançada é outro obstáculo a superar, já que até mesmo assistir a uma aula on-line é difícil e o recente aumento de imigrantes criou uma escassez de aulas físicas Ulpan em Berseba.

Durante uma xícara de chá, Ruchyla também compartilhou sobre a história de sua família.

“Sempre houve antissemitismo ao nosso redor. Tendo um nome e um sobrenome judaico, sofri muito. Mas mesmo quando tive a oportunidade de mudar meu nome aos 16 anos, optei por não fazê-lo. Sempre usei com orgulho a Estrela de Davi. Sou judia”, relembrou Ruchyla.

Nicole a encorajou a “manter o legado de sua família e pessoas perto de seu coração. Você é uma mulher corajosa – escolhendo fazer Aliá e fazer desta sua casa, sem olhar para trás!”

“Você está certa”, ela respondeu rapidamente. “Mas sem a ajuda da ICEJ e da Agência Judaica, isso não teria sido possível. Obrigada!”

A necessidade de controlar seus níveis de insulina e açúcar no sangue por meio de dieta e medicamentos manteve Ruchlya confinada perto de sua cidade por 47 anos. Em Israel, ela descobriu uma nova sensação de liberdade, já que formas avançadas de controlar seus níveis de açúcar no sangue agora estão mais disponíveis para ela. De repente, um novo mundo de possibilidades se abriu, permitindo que ela sonhasse em viajar para o exterior para visitar familiares e amigos.

Algumas semanas depois da nossa visita, o ar condicionado chegou e Ruchlya nos escreveu uma linda carta de agradecimento:

“Gostaria de expressar minha profunda gratidão à Agência Judaica e à Embaixada Cristã em Jerusalém, na pessoa da Nicole, por sua valiosa ajuda na ida a Israel e por seu apoio em minha chegada a Israel. Sou uma mulher de 76 anos que se acostumou a ficar completamente sozinha em Donetsk, minha cidade natal. Se eu não tivesse essa ajuda moral e material, incluindo a compra de um ar condicionado tão necessário aqui, certamente não teria conseguido lidar com todas as dificuldades que vieram sobre mim durante a guerra e no caminho de lá para Israel. Foi somente graças a essas organizações e principalmente às pessoas acima mencionadas que pude finalmente chegar a Israel, e agora estou começando a me integrar a ela. Provavelmente não há palavras para expressar minha gratidão. Só posso dizer ‘obrigada’ 1000 vezes.”

Como pode ser visto claramente aqui, Aliá é muito mais do que o custo de um voo, também abrange ajudar os recém-chegados à medida que se integram à sociedade israelense. Obrigada por fazer parceria com a ICEJ em nossos esforços de Aliáyah e Integração. Seu apoio está fazendo uma grande diferença na vida de muitos novos imigrantes judeus em Israel.

Doe hoje em: give.icej.org/aliyah