Por Marelinke van der Riet
Traduzido por Julia La Ferrera

No dia 4 de Julho, enquanto as temperaturas do verão subiam em Israel, encontrei-me no meio do calor escaldante de um estacionamento em Rishon LeZion, fervilhando de atividades enquanto embalávamos alimentos e presentes para cerca de 500 a 600 famílias desfavorecidas. Esta tarefa desafiadora, mas gratificante, foi assumida com entusiasmo por uma equipe dedicada da ICEJ, juntamente com vários outros voluntários locais.

Todas as semanas, aproximadamente 1200 pessoas necessitadas encaminhadas por assistentes sociais israelenses se beneficiam deste projeto, abrangendo diversos grupos, desde imigrantes judeus etíopes e russos até idosos, solteiros e famílias numerosas – todos são calorosamente bem-vindos. Os serviços se estendem até aos cortes de cabelo, oferecidos a uma taxa simbólica para promover a dignidade, apesar dos bens fornecidos frequentemente chegarem a um valor de cerca de 500 NIS por cliente.

Para reforçar estes esforços, a ICEJ contribuiu com um grande caminhão frigorífico para alimentos, facilitando significativamente os desafios de transporte e aumentando a eficiência. Embora as necessidades sejam imensas, isso já fez uma grande diferença.

Entretanto, o equívoco em torno da pobreza em Israel persiste. A dura realidade é a crescente disparidade de riqueza, que só piorou devido às tensões econômicas causadas pelo atual conflito. De acordo com o relatório oficial de pobreza de Israel de 2022, o limiar da pobreza era de uma renda de aproximadamente NIS 3.076 por mês, afectando cerca de 1,98 milhões de pessoas em Israel. No segundo e terceiro trimestres de 2023, preocupantes 31% das famílias israelenses viviam em insegurança alimentar devido a razões econômicas.

Atualmente, a economia é significativamente afectada pelos conflitos em curso com o Hamas em Gaza e com o Hezbollah no Norte. A partir de maio deste ano, os custos dos laticínios tiveram um aumento médio de 4,48%. Surpreendentemente, os preços dos alimentos e bebidas em Israel são 52% superiores à média entre os países desenvolvidos, perdendo apenas para a Coreia do Sul, de acordo com dados divulgados em Junho pela Organização global para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

O que mais me impressionou, porém, foi a dedicação inabalável dos voluntários que se reuniram para ajudar a embalar a comida no shopping de Rishon LeZion. Entre eles, uma mulher se destacou: Orna. Apesar do calor intenso que fazia o suor escorrer pelo seu rosto, ela gritava energicamente instruções em hebraico, ocasionalmente caindo na gargalhada como se todos nós a entendêssemos perfeitamente. Orna já havia ocupado um cargo gerencial em um banco antes de se aposentar, dedicando os últimos sete anos de sua vida ao voluntariado aqui. Seu comprometimento é verdadeiramente notável, especialmente considerando que ela é surda de um ouvido.

“Ainda estou viva, por isso quero dar e ajudar o máximo que puder”, comentou ela com um sorriso determinado.

Na mesma linha, um grupo animado de estudantes universitárias também se juntou com entusiasmo para embalar caixas de alimentos. Quando questionadas sobre a sua motivação para o voluntariado, partilharam que aguardavam ansiosamente esta oportunidade todos os anos para servir ao lado dos suas colegas.

“Esperamos o ano todo por esta oportunidade de retribuir e fazer a diferença”, exclamou uma delas com um sorriso brilhante.

“Estamos muito felizes por sermos voluntárias em nossa terra natal”, acrescentou outra, com a voz cheia de entusiasmo e orgulho.

O seu compromisso em servir a sua comunidade era palpável, refletindo uma alegria profunda por poder contribuir positivamente para o seu país.

Irene, parte da equipe da ICEJ, também ficou animada com a experiência.

“Depois de separar pimentões e tomates delicados e embalar esses presentes maravilhosamente aromáticos em sacos para distribuir, foi como preparar uma bênção especial para um povo verdadeiramente especial”, disse ela.

Na verdade, o Senhor chama Israel de “um tesouro especial” em Deuteronômio 7:6.

À medida que nos aproximávamos da conclusão das nossas tarefas, Keren, a coordenadora de voluntários, aproximou-se de nós com sincera gratidão.

“Não há ninguém como vocês”, ela insistiu. “Mandei uma mensagem pedindo urgentemente voluntários e vocês vieram. Muito obrigada!”

Essas palavras de agradecimento, proferidas no final de um dia exaustivo, mas imensamente gratificante, ressoaram profundamente dentro de mim. Comecei a entender por que Orna voltava sempre a esse ambiente desafiador, porém gratificante. Inspirada pelo seu exemplo, também senti uma agitação dentro de mim, sabendo que abraçaria novamente esse desafio com prazer.

Por favor, continuem a apoiar a ICEJ na nossa missão de abençoar e confortar o povo de Israel através de projetos que oferecem um futuro e esperança aos necessitados. Doe hoje em: give.icej.org/dandoesperança

Fotos: ICEJ