Aliyah Day 2025

Do Tabernáculo ao Templo, a jornada fiel de Deus com Israel
Por Howard Flower, Diretor de Aliá da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera

Em 8 de abril, Israel comemorou o Dia da Aliá, um feriado nacional que celebra o retorno de milhões de judeus à sua terra natal ancestral nos tempos modernos. A Embaizada Cristã Internacional em Jerusalém se junta a nós para saudar essa conquista, pois tivemos o privilégio de ajudar quase 190.000 judeus em sua jornada de volta a Israel nos últimos 45 anos.

Israel preparing to cross the Jordan. (Google FX)
Israel se preparando para atravessar o Jordão. (Google FX)

O Dia da Aliá é comemorado no décimo dia do mês hebraico de Nisan, quando os antigos israelitas atravessaram o Rio Jordão e entraram na Terra Prometida. Quando Josué conduziu as doze tribos através do Jordão, eles trouxeram consigo o Tabernáculo – o santuário portátil construído de acordo com as instruções específicas de Deus no Monte Sinai. Ele os acompanharia durante toda a conquista e assentamento na Terra.

O primeiro exemplo de adoração no Tabernáculo na Terra Prometida ocorreu em Gilgal, onde Israel renovou sua aliança com Deus e celebrou a Páscoa nas planícies de Jericó. Esse local representava seu ponto de apoio inicial – ou cabeça de ponte espiritual – na Terra da Promessa.

Para os cristãos, o Tabernáculo aponta para Jesus, que é o cumprimento final de seu propósito. Em João 1:14, lemos: “E o Verbo se fez carne e habitou [tabernaculou] entre nós.” Assim como o Tabernáculo era o lugar onde a presença de Deus residia entre os israelitas, Jesus é a personificação da presença de Deus entre os cristãos.

The Tabernacle in Shilo. (Google FX)
O Tabernáculo em Siló. (Google FX)

À medida que Israel conquistou mais território, acabou transferindo o Tabernáculo para Siló, uma cidade montanhosa que serviria como centro espiritual por quase 400 anos, abrangendo a maior parte do período dos Juízes. Ali repousava o objeto mais sagrado da adoração israelita, a Arca da Aliança. Mais tarde, o profeta Jeremias se referiu a Siló como o lugar “onde primeiro fiz habitar o Meu Nome” (Jeremias 7:12).

O Tabernáculo é muito mais do que um artefato histórico. Era um local de adoração que simbolizava o plano de Deus para a salvação da humanidade e Seu desejo final de reunir Seu povo – tanto física quanto espiritualmente – em Sua presença.

O Tabernáculo não apenas serviu como uma morada temporária para Deus entre os israelitas durante a jornada no deserto, mas também prenunciou a futura reunião dos exilados, o estabelecimento do reino eterno de Deus e o cumprimento de Seu plano redentor por meio do Messias.

Tempos difíceis: A era dos Juízes
O período em que o Tabernáculo estava em Siló corresponde à turbulenta era dos Juízes. Essa época foi caracterizada pela inconsistência espiritual, com ciclos de fidelidade e infidelidade recorrentes em toda a nação. Apesar dessa instabilidade, a presença de Deus permaneceu entre Seu povo – um testemunho de Seu compromisso com Sua aliança com Israel.

O profeta Samuel serviu nesse Tabernáculo quando era jovem, abrindo as portas do pátio todas as manhãs. Nessa época, as cortinas originais provavelmente haviam sido substituídas por paredes de pedra, dando à estrutura um caráter mais permanente, mas mantendo seu design original.

The Ark of the Covenant in the Tabernacle. (Google FX)
A Arca da Aliança no Tabernáculo. (Google FX)

Disciplina Divina e Presença Contínua
O período da Arca em Siló terminou durante o período de Samuel como juiz de Israel. Quando Israel enfrentou a derrota contra os filisteus, eles removeram a Arca de seu devido lugar, tratando-a como um talismã que garantiria a vitória. Em vez disso, sofreram uma derrota catastrófica, e a Arca foi capturada.

Embora os filisteus tenham devolvido a Arca devido às pragas que ela trouxe sobre eles, ela nunca retornou a Siló. Deus “abandonou o tabernáculo de Siló” (Salmo 78:60), e a cidade foi devastada pelos inimigos de Israel. Esse capítulo doloroso nos ensina que a presença de Deus não é uma garantia contra as consequências quando nos desviamos de Seus caminhos.

No entanto, mesmo com a disciplina, Deus não abandonou Seu povo. O próprio Tabernáculo foi transferido primeiro para Nobe e depois para Gibeão, enquanto a Arca encontrou abrigo temporário na casa de Abinadabe em Quiriate-Jearim por vinte anos.

Pouco tempo depois, Davi estabeleceu Jerusalém como sua capital e levou a Arca da Aliança para o Monte Sião com grande celebração, colocando-a em uma tenda especial. No entanto, isso criou uma curiosa divisão espiritual: a Arca residia em Jerusalém, enquanto o antigo Tabernáculo com seu altar permanecia em Gibeão. Israel adorava em dois locais.

Essa divisão incomodou Davi, que concebeu um plano para construir uma moradia permanente para a Arca – não uma tenda de tecido e peles, mas uma estrutura magnífica de cedro e pedra. Embora Deus tenha dito, por meio do profeta Natã, que Davi, como homem de guerra, não deveria construir essa casa, seu filho teria a honra de construí-la.

Embora tenha sido proibido de construir o Templo, Davi ainda reuniu materiais abundantes para fazer os utensílios de adoração do Templo – ouro, prata, bronze e madeira – e organizou os levitas e sacerdotes em divisões para o serviço. Tudo estava preparado para que seu filho Salomão completasse a visão arquitetônica divina.

A ascensão de Salomão ao trono trouxe paz e prosperidade sem precedentes. No quarto ano de seu reinado – exatamente 480 anos após o Êxodo do Egito – começou a construção do Monte Moriá. Durante sete anos, essa magnífica estrutura se ergueu, mantendo o projeto do Tabernáculo, mas dobrando suas dimensões.

A dedicação coincidiu com a Festa dos Tabernáculos, conectando a estrutura permanente à sua antecessora portátil. Salomão reuniu todo o Israel. Os sacerdotes transportaram o antigo Tabernáculo com todos os seus utensílios sagrados de Gibeom para Jerusalém, enquanto os levitas carregaram a Arca de sua residência temporária no Monte Sião.

Quando a Arca entrou no Templo e os sacerdotes se retiraram, a glória de Deus encheu a casa como uma nuvem, tão impressionante que os sacerdotes não puderam se levantar para ministrar. As palavras do Eterno por meio de Natã haviam sido cumpridas: o filho de Davi havia construído uma casa para a presença de Deus.

A mensagem para a Aliá de hoje
Ao marcarmos o Dia da Aliá de 2025, essa antiga jornada de Gilgal a Jerusalém nos ensina lições profundas sobre a fidelidade de Deus a Israel. A primeira Aliá – a subida inicial para a Terra Prometida sob o comando de Josué – deu início a um padrão que continua até hoje. No Sinai, Deus prometeu a Moisés: “Minha Presença irá com você, e eu lhe darei descanso”. (Êxodo 33:14) A presença do Senhor ainda hoje está com os imigrantes judeus durante sua Aliá de volta a Israel.

Assim como o antigo Israel enfrentou desafios, contratempos e até mesmo períodos de exílio de sua herança em Eretz Israel, o Israel moderno também percorreu um caminho difícil. O estabelecimento do moderno Estado de Israel e a contínua reunião do povo judeu dos quatro cantos da Terra espelham essa antiga jornada – um povo que retorna à sua herança divina.

O que se destaca com mais força na longa história de Israel é o compromisso inabalável de Deus, apesar das falhas humanas. Durante toda a jornada do Tabernáculo, Israel frequentemente se desviava da adoração fiel. Durante o período dos juízes, “cada um fazia o que era reto aos seus próprios olhos”. Mesmo quando o magnífico Templo foi dedicado, as sombras de uma futura apostasia surgiram.

No entanto, Deus permaneceu fiel. Essa é a graça – favor imerecido – exibida ao longo de milênios da história judaica. A mesma graça que levou Israel a atravessar o Jordão continua a levar o povo judeu para casa hoje.

A Aliá moderna não é apenas um fenômeno político, mas o cumprimento de promessas antigas: “Eu os tirarei do meio das nações, os reunirei de todos os países e os trarei para a sua própria terra”. (Ezequiel 36:24) Quando apoiamos a Aliá hoje, participamos desse plano de restauração divina que começou há milhares de anos.

O plano de Deus não mudou. Os erros do antigo Israel – e até mesmo suas deficiências modernas – não alteraram Seu compromisso com Seu povo. Desde o Tabernáculo portátil até o glorioso Templo e o retorno moderno, o mesmo Deus fiel orquestra a jornada de Israel.

Como cristãos que amam Israel, reconhecemos nessa narrativa o nosso chamado para estar ao lado do povo judeu enquanto eles completam seu retorno histórico à sua Terra e ao seu Deus. Assim como a jornada do Tabernáculo culminou no Templo repleto de glória, aguardamos com esperança a restauração completa de Israel prevista pelos profetas hebreus. Neste Dia de Aliá, que sejamos lembrados de que servimos a um Deus que cumpre Suas promessas através das gerações, cuja graça transcende as falhas humanas e cujos planos para Israel permanecem tão firmes quanto eram quando Josué atravessou o Jordão pela primeira vez. Que possamos continuar apoiando, orando e apoiando Israel enquanto eles cumprem seu chamado divino.