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Por David Parsons, Vice-Presidente Sênior & Porta-Voz da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera

Ao longo das páginas da Bíblia, encontramos um fio de ouro do plano de salvação de Deus para a humanidade entrelaçado nas alianças duradouras que Ele fez com Israel – seja com Abraão, Moisés, Davi ou a nova aliança selada por Jesus na Cruz. Isso inclui Sua promessa de que Israel um dia entrará em seu descanso na Terra prometida a Abraão como uma “possessão eterna”. (Gênesis 17:8) Este conceito profundo, que percorre toda a Escritura, oferece não apenas esperança para o povo judeu, mas ilumina a fidelidade de Deus a todos os Seus santos.

A jornada começa no Deserto, onde Deus faz uma declaração essencial a Moisés: “A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso” (Êxodo 33:14). Esta promessa, nascida de um momento de intercessão de Moisés, prepara o cenário para um tema recorrente ao longo da história de Israel – a garantia de paz e segurança eventuais na Terra Prometida.

Mas o que exatamente é esse “descanso” que Deus promete? É muito mais do que mero repouso físico ou cessação do trabalho. Esse descanso divino abrange a liberdade de Israel de seus inimigos e de lutar pela justiça diante de Deus por meio de suas próprias obras.

Ao traçarmos essa promessa através das Escrituras, a encontramos novamente em Deuteronômio. Moisés lembra ao povo que sua conquista de Canaã não é apenas sobre reivindicar território – é sobre entrar no descanso de Deus. “Quando, pois, o Senhor, teu Deus, te houver dado sossego de todos os teus inimigos em redor, na terra que o Senhor, teu Deus, te dá por herança […]” (Deuteronômio 25:19). Esse descanso está intrinsecamente ligado ao relacionamento de aliança de Israel com Deus e sua obediência aos Seus mandamentos.

No entanto, o cumprimento desta promessa provou ser uma jornada complexa. Mesmo depois que Josué liderou os israelitas para Canaã, e eles desfrutaram de períodos de relativa paz, o verdadeiro e duradouro descanso que Deus pretendia originalmente permaneceu ilusório. O livro de Hebreus lança luz sobre isso, explicando que se Josué realmente lhes tivesse dado descanso, então Deus não teria falado mais tarde através do salmista sobre outro dia de descanso (Hebreus 4:1, 8-9).

Este aspecto não cumprido da promessa aponta para um descanso maior que transcende o físico e o temporal. É um descanso que encontra sua expressão máxima na obra expiatória de Yeshua, e ainda tem um cumprimento futuro para Israel como nação.

O escritor de Hebreus chama nossa atenção para o Salmo 95, onde Deus, em Sua ira, declara à geração incrédula: “Eles não entrarão no meu descanso”. Este severo pronunciamento serve tanto como um aviso quanto como um convite para que nos esforcemos para entrar no descanso de Deus pela fé.

Para os cristãos, esse descanso tem uma realidade presente em Cristo. “Nós, porém, que cremos, entramos no descanso […]”, Hebreus 4:3 nos assegura. Por meio da fé em Jesus, cessamos nossas próprias obras de justiça e descansamos em Sua obra consumada na Cruz. No entanto, intrigantemente, o autor de Hebreus também declara: “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.” (Hebreus 4:9)

Isso nos aponta para um dia futuro em que Israel aceitará completamente seu Messias e experimentará o cumprimento completo das promessas da aliança de Deus para eles.

A promessa de descanso para Israel não é apenas uma curiosidade histórica ou uma abstração teológica. É um testamento visível da fidelidade inabalável de Deus. Apesar de séculos de dispersão, perseguição e dificuldades, o povo judeu retornou à sua terra natal ancestral. No entanto, mesmo agora, o verdadeiro descanso os ilude, pois os conflitos e as tensões persistem.

Essa luta contínua serve como um poderoso lembrete de que o descanso final de Deus para Israel ainda está por vir. Será um tempo em que, como o profeta Amós declarou, Deus “plantará Israel em sua própria terra, para nunca mais ser arrancado da terra que lhes deu” (Amós 9:15). Essa promessa aponta para a era messiânica, um tempo de paz universal e o reino justo do Messias.

Para aqueles que amam e apoiam Israel, esta promessa de descanso oferece tanto encorajamento quanto um chamado à ação. Ela nos lembra que os propósitos de Deus para Israel ainda estão se revelando, e que nosso apoio se alinha com Seu plano divino. Ela nos desafia a orar pela paz de Jerusalém e a ficar com o povo judeu em sua jornada contínua.

Além disso, a promessa de descanso para Israel tem implicações profundas para todos os cristãos. Ela nos assegura da fidelidade de Deus à Sua palavra. Se Deus cumprirá Suas antigas promessas a Israel, quanto mais podemos confiar que Ele cumprirá Suas promessas a nós em Cristo?

Ao refletirmos sobre essa promessa duradoura, somos convidados a examinar nossos próprios corações. Estamos nos esforçando em nossa própria força ou realmente entramos no descanso que Cristo oferece? Estamos vivendo na paz e na certeza de Sua obra consumada ou ainda estamos tentando ganhar a justiça por meio de nossos próprios esforços?

A promessa de descanso também desafia nossa visão de mundo. Em um mundo frequentemente marcado por conflitos e inquietação, particularmente no Oriente Médio, ela nos chama a olhar além dos eventos atuais para os propósitos finais de Deus. Ela nos lembra que a paz verdadeira e duradoura não virá somente por meio de esforços humanos, mas pelo cumprimento das promessas de Deus.

Enquanto aguardamos a plena realização deste descanso divino, somos chamados a ser agentes de paz e reconciliação em nossas próprias esferas de influência.

Concluindo, a promessa de descanso para Israel se destaca como um farol de esperança em um mundo conturbado. Ela testifica a fidelidade de Deus, aponta para a era messiânica vindoura e oferece uma lição profunda em confiar nas promessas de Deus. Ao abraçarmos essa verdade, que possamos encontrar nosso próprio descanso em Cristo, apoiar a obra contínua de Deus entre o povo judeu e aguardar com expectativa o dia em que o descanso de Deus abrangerá toda a Criação.

Foto principal: Pintura de Abraham Jozsef Molnar; Galeria Nacional Húngara.