
A Promessa da Terra: Uma Aliança Divina se Revelando
Data: 2.4.2025Por David R. Parsons, Vice-Presidente Sênior & Porta-Voz da ICEJ
Traduzido por Julia La Ferrera
No desenrolar da história bíblica, há poucos fios tão vibrantes e duradouros quanto a promessa de Deus da Terra de Canaã ao povo judeu. Essa promessa de terra é parte integrante da aliança divina feita primeiramente com Abraão, que ecoou por milênios, moldando não apenas o destino de Israel, mas também a jornada espiritual dos cristãos em todo o mundo.
Em sua essência, a Promessa da Terra não é meramente sobre imóveis; é um testamento da fidelidade de Deus e Seu grande plano de redenção. Quando Deus chamou Abraão, dizendo: “Levante-se e vá para uma terra que Eu lhe mostrarei”, Ele colocou em movimento um plano divino que acabaria por “abençoar” todas as famílias da Terra. Este chamado não foi apenas para o benefício de Abraão, mas para a salvação do mundo.
A linguagem da transferência de terras nesta aliança é fascinante. Em Gênesis, vemos Deus usando o tempo passado, presente e futuro ao falar da distribuição de terras. Por exemplo, “Eu dei”, “Eu estou dando” e “Eu darei” estão todos essencialmente contidos em um único versículo (Gênesis 35:12). Esta frase peculiar sugere mais do que uma simples transação de propriedade. Ela implica uma transferência contínua, uma relação de confiança entre Deus e Seu povo. A Terra, embora prometida a Israel, em última análise continua sendo posse de Deus.
Esse conceito é ainda mais reforçado em Levítico 25:23, onde Deus declara: “Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos.” É um lembrete poderoso de que, embora Israel tenha sido incumbido da Terra, eles são administradores e não donos absolutos.
Esta promessa de terra está intrinsecamente entrelaçada em todas as alianças de salvação na Bíblia. No Salmo 105, somos lembrados de que Deus “se lembra perpetuamente da Sua aliança, da palavra que empenhou para mil gerações”. Esta aliança, feita com Abraão e confirmada a Isaque e Jacó, incluía a promessa da Terra de Canaã como sua herança; de fato, uma “possessão eterna” de acordo com Gênesis 17:8. É uma promessa que abrange gerações, enfatizando sua natureza eterna.
Curiosamente, essa Promessa da Terra não se limita ao Antigo Testamento. No Novo Testamento, vemos Estêvão, momentos antes de seu martírio, contando como Deus prometeu a Terra a Abraão e seus descendentes, mesmo antes de ele pisar na terra ou ter um filho. Essa continuidade entre testamentos ressalta o significado duradouro da Promessa da Terra no plano redentor de Deus.
No entanto, com a promessa vem a responsabilidade. A aliança feita por meio de Moisés introduziu condições para o direito de Israel de desfrutar de domicílio na Terra. Deuteronômio 28 e Levítico 26 descrevem as bênçãos pela obediência e as consequências pela desobediência. Quando Israel andava em retidão, seus inimigos fugiam por sete caminhos. Mas em tempos de rebelião, eles arriscavam o exílio. No entanto, mesmo no exílio, a promessa permaneceu, pois Deus confiou a Terra aos descendentes de Abraão por juramento. A fidelidade de Deus garante que Ele sempre reuniria Seu povo à Terra, um processo que testemunhamos mais uma vez nos tempos modernos.
Este ciclo de possessão, exílio e retorno serve como uma poderosa lição objetiva para todas as nações. Ele demonstra a fidelidade e misericórdia de Deus através da aliança abraâmica, e Sua santidade e retidão na aliança mosaica. A peregrinação de Israel dentro e fora da Terra se torna uma luz para as nações, ilustrando o que significa andar fielmente com Deus e conhecer Suas bênçãos ou enfrentar Sua correção pela desobediência.
A Promessa da Terra não é apenas sobre um pedaço físico de propriedade imobiliária; é, em última análise, sobre a confiabilidade de Deus em manter Sua palavra. Como cristãos, precisamos reconhecer a importância da obra contínua de Deus no cumprimento de Suas promessas a Israel. Devemos ver o retorno moderno de Israel à sua terra natal ancestral como uma afirmação de Sua fidelidade a todas as Suas promessas de aliança, incluindo aquelas que desfrutamos sob a Nova Aliança em Cristo.
Hoje, ao testemunharmos conflitos sobre fronteiras e soberania no Oriente Médio, somos lembrados da profecia de Ezequiel sobre Deus julgando Israel em suas fronteiras. Essas lutas não são apenas geopolíticas; elas têm uma dimensão espiritual, refletindo o processo contínuo de Deus mostrando favor ao Seu povo, trazendo-os de volta à Terra e, finalmente, a Si mesmo por meio do Messias, mesmo enquanto ainda exige que Israel esteja em posição correta com Ele.
O objetivo final desse drama divino é lindamente capturado em Deuteronômio 32. Ele fala de um tempo em que os gentios se alegrarão com o povo de Deus porque Ele “proporcionará expiação por Sua terra e Seu povo”. Isso aponta para um futuro em que a Promessa da Terra encontra sua plena realização não apenas em termos de posse física, mas também em restauração espiritual.
Esta restauração está intimamente conectada ao Messias. O próprio Jesus falou de um dia em que Jerusalém o receberia, dizendo: “Bendito o que vem em nome do Senhor.” (Mateus 23:39) Isso sugere uma salvação nacional para Israel, um momento de reconhecimento e arrependimento que inaugurará a verdadeira paz e descanso na Terra.
Ao refletirmos sobre essa grande narrativa, somos chamados à paciência e ao respeito pelo tempo e propósito de Deus. As lutas que vemos hoje são parte de um processo redentor que, em última análise, beneficiará o mundo inteiro. Nosso papel não é forçar resultados, mas apoiar Israel e orar por sua paz e destino profético, reconhecendo que Deus está trabalhando em direção a uma conclusão gloriosa.
O retorno de Israel à sua Terra não é, portanto, um acidente político ou anomalia histórica, mas uma ilustração vívida da fidelidade de Deus, Seu amor corretivo e Seu plano imutável para a redenção do mundo. Ele nos lembra que Deus mantém Sua palavra, mesmo através de milênios. Ele nos desafia a confiar em Seu tempo e propósito, mesmo quando as circunstâncias parecem terríveis.
Para os cristãos de hoje, esta antiga Promessa da Terra tem implicações profundas. Ela nos chama para:
1. Confiar na fidelidade de Deus: Se Deus é fiel às Suas promessas a Israel, podemos confiar que Ele será fiel às Suas promessas a nós em Cristo.
2. Reconhecer a obra contínua de Deus: O retorno moderno dos judeus a Israel não é apenas um acontecimento político; é parte de um processo espiritual de Deus atraindo Seu povo de volta para Si.
3. Orar pela paz: Entender o coração de Deus por Israel e pelas nações deve nos levar a orar fervorosamente pela paz e pelo cumprimento dos propósitos de Deus.
4. Olhar para frente com esperança: A Promessa da Terra aponta para um futuro onde toda a criação encontrará seu descanso em Deus. Isso nos dá esperança e perspectiva em tempos difíceis.
Ao ponderarmos sobre essas promessas antigas e suas implicações modernas, que possamos ser cheios de admiração pela fidelidade de Deus, inspirados por Sua paciência e movidos a alinhar nossos corações com Seus propósitos para Israel e todas as nações. Ao fazer isso, participamos de uma história muito maior do que nós mesmos – uma história de aliança, redenção e restauração final.
Foto principal: Davi escoltando a arca da aliança para Jerusalém. (Ilustração de Charles Delagrave)